ANÁLISE DO PRESIDENTE DA FPH À PRESTAÇÃO DA SELEÇÃO NACIONAL NO EHIC II

PORTUGAL ESTEVE NUM NÍVEL ALTÍSSIMO
NO MAIHOF HALLE DE LUCERNA

 
Terminou ontem, domingo, a participação da seleção sénior masculina no Eurohockey Indoor Championship II que se disputou na Suíça. A medalha de bronze foi uma conquista menor para o nosso grupo de trabalho que não conseguiu atingir a medalha de prata que daria a tão ansiada promoção à divisão superior.

Seria redutor, como vem sendo hábito, esquadrinhar pecados velhos nestas coisas das seleções e com a mesma sobranceria tentar atacar o inatacável ou defender o indefensável, conforme o ângulo.

Ora, o que vi em Lucerna foi do melhor que tive o prazer e a honra de assistir em décadas que levo nesta modalidade, de paixão pelo jogo, de prazer em dirigir, de ver crescer, fornada atrás de fornada, gerações de atletas. E esta é seguramente uma boa geração, é jovem, soube encontrar-se e, para mim, que ninguém se atreva a negar a evolução deveras positiva de alguns atletas que, no passado, chegaram a ser criticados por não pensarem em coletivo. Esta seleção e todos os presentes deram uma enormíssima lição de espírito de equipa e de solidariedade, espírito e práxis que nos garantem que podemos, proximamente, subir mais degraus no ranking, ou lutar por ir espreitando com confiança a divisão maior de indoor.

Como dirigente, sempre fui e continuo a ser exigente com os valores que este grupo de trabalho soube trazer a esta seleção que, em termos de coesão, pede meças a outros momentos internacionais do hóquei português. Ver a forma como o novo campeão, a Suíça, e um pavilhão a abarrotar celebraram tão efusivamente o triunfo, diz bem do sentimento que não conseguiu se libertassem das amarras de Portugal, inteligente, pressionante e nitidamente por cima da partida.

Não vou aqui celebrar o discurso da desgraçadinha, entusiasmar o discurso com um azar do tamanho das torres da maior igreja de Lucerna, ou socorrer-me da velha diatribe sobre os árbitros, que não nos gramam. Mas merecíamos mais: merecíamos ter saído incólumes de um paio descomunal no golo que deu a vitória à Bielorrússia a segundos do fim, merecíamos não ter sofrido o golo final contra a Suíça, como não merecíamos a pusilanimidade e a falta de critério a tirar-nos à má fila dois “curtos” que, a minuto e meio do fim, poderiam ter escrito uma nova história. Mas, se tivesse acontecido de feição, estaríamos todos a encomiar o grupo de trabalho que teria feito a surpresa de colocar o hóquei português na Divisão A, tendo nós a competição que temos em Portugal.

Eu prefiro fazê-lo, alto, claro e bom som, na ausência de justiça, tendo nós jogado para muito mais: foi um privilégio e uma honra ter estado convosco, salientar o que fizeram em rinque, mostrar ao país desportivo o respeito unânime de todas as equipas adversárias, e sentir um gozo especial pelos inúmeros pedidos de selfies com as nossas estrelas, cada vez mais valores seguros da modalidade, aqui ou lá fora, onde alguns prosseguem as suas carreiras.

No pundonor e na classe - virtudes que nem sempre andam associadas – do capitão Luís Tavares como na subtileza e clarividência do Miguel Ralha ou do David Franco; no carácter letal dos remates do Vasco Ribeiro ou na postura sacrificada e pendular do Ivo Moreira; na presença sempre determinante do Zé Santos ou do Vicente Mourão, no desabrochar dos mais jovens, sejam eles o Ruben, o Rodrigo ou o Fábio, mas também no crescimento total do Tó Camacho e na solidariedade de André Romariz para o seu colega de posto, mesmo não tendo sido utilizado em jogo, eu revejo-me na forma como deve ser encarada a defesa da sua camisola, seja ela de clube ou da seleção, por qualquer atleta inteiro e com princípios. E foi-o! Exemplarmente!

Quero ainda exercer o meu direito de agradecimento aos restantes elementos do staff: Bernardo Fernandes e Fernando Gomes, técnicos; Dr. Pinto de Sousa, médico; Francis Weyts, o belga mais português que conheço e que continuo a admirar como profissional de fisioterapia e de outras artes complementares, e como pessoa; e, the last but not the least, o team manager Rui Ferreira.

Foi assumidamente um privilégio superlativo ter privado convosco, ter sofrido convosco, ter vencido convosco, ter sorrido convosco e ver-vos cada vez mais perto da concretização do sonho que havereis muito proximamente de conseguir. Porque o ambicionais e porque cada vez trabalhais melhor para cumprir esse caminho.

Também a arbitragem portuguesa esteve muito bem entregue ao Bruno Santos.

​Uma última consideração: cada três pontos que conquistemos internacionalmente, cada eliminatória que vençamos, tendo em consideração os meios de que dispomos, as dificuldades intrínsecas da modalidade e da competição interna, são autênticos milagres. Não estando à medida de qualquer um, os milagres vão acontecendo (desta vez, foram três), não obstante nem sempre sermos ajudados e compreendidos como merecemos. Dentro e fora da modalidade…

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